Mais uma vez venho atirar ao ar a espuma de um pensamento!
Muitas leituras desta frase tinha eu feito no dia mágico em que dei de caras com o sentir do poeta.
Deixam-me contar!
Por motivos profissionais, vou muitas vezes para fora do conforto da minha casa, da minha família, do meu país, da minha língua.
Uma dessas vezes tive de me deslocar a Darmstadt (Alemanha) para participar num curso.
No primeiro dia, lá estava eu, uma estranha no meio de estranhos, todos de diversos países, sorrindo e saudando como mandam as regras e eu gosto de fazer.
Como também se tornou já comúm, no início do curso todos nos apresentámos, começando pela formadora, uma senhora brasileira que residia na Grã-Bretanha.
Quando chegou a minha vez, "Maria", a "Vivianne" soltou um
"Ai que enorme surpresa! Alguém que fala a minha lingua! Que saudades!"
e bastou: senti de imediato uma irmandade impensável.
Tenho a certeza que António Damásio sabe explicar porque razão tal aconteceu. Eu só quero dizer-vos que de verdade a língua, a linguagem é qualquer coisa que nos condiciona como entidade, com caráter de unicidade, mas também de partilha de inconfessáveis emoções.
Por agora basta-me.
Desafio-vos a ir mais longe!
(Quem sabe até a ler Damásio!)
Por mim, foi uma das poucas vezes em que senti que ser portuguesa, é qualquer coisa que identifico!
Viva a Língua Portuguesa!